quarta-feira, 30 de janeiro de 2013 | By: Anderson Shon

Dia da Saudade


Minha tristeza
Já disse a ela
E mesmo assim
Ela não veio
Minha prece não serviu
Minha dor ela não viu
E a mim restou sofrer

Não há paz sem ela
Não há forma bela
Há um ar triste e melancólico
Um queimar bucólico
Que não sai de mim, não sai

Os peixes se multiplicaram
Na falta dos tais abraços
Apertados, colados, calados
Que ainda estão no aguardo
Do cantado sem fim

Dar um basta na saudade
Cantar a tal idade
Em que ela não existiria
A saudade ainda chega
Deixa dor por onde passa
Estraçalha o amor em brasa
E não sai de mim, não sai

Anderson Shon
quarta-feira, 16 de maio de 2012 | By: Anderson Shon

Criolo Doido


A flor de lótus vem do pantano
Para o nosso espanto
Por pensar que o amor só brota
Onde tem que brotar
E se eu te disser que de um bairro pobre
Um homem de aura nobre
Veio nos ensinar sobre o bem
A poesia, o coração bom
Sobre o que é nascer com o dom
De tocar aqueles que o tem
Em uma noite, quem diria
O homem que sabe o valor do Chocolate Suíço
Mas reafirma que o Cacau vem da Bahia
O reconhecedor dos Artistas de carne e osso
O freguês, o X, o Grajaú, o Doido
O negro, o Muambeiro, o Vasilhame, o Criolo
Obrigado pela poesia, pela reflexão
Pela certeza que bobo mesmo
É quem se acha esperto
Estamos juntos Criolo
Pois hoje você me fez ver
Que tudo já deu certo
Já deu certo.

Sotão do Inferno



O morno é o muro
Que não dá a cara
E nem desvia do murro
E não sabe em quem votar
Não na falsa democracia
Mas na democracia falsa
Que nos orgulhamos em brindar
Sem saber muito bem diferenciar
O julgamento da analise
A omissão e a simpatia
A alienação e a alegria
Se não podemos falar
Ao menos escutemos melhor
Já me contava minha vó
Que a falta de um sentido
Instiga algum outro
Mas estamos todos sem sentidos
Dando passos retos
Em um caminho torto
Dá para ser descente
Em uma época indecente, Harvey?
Eu já parei de tentar
Parei também de escutar
Pois, melhor do que ser o rei de um orelha
É ficar de longe pra ver a centelha
quarta-feira, 11 de abril de 2012 | By: Anderson Shon

Reflexão de mente

Se toda ciência exata
Fosse exata
Não seria ciência
E não seria estudada
Para que fosse comprovada
A sua exatidão falsa

Se toda valsa
Fosse valsa da morte
Não teríamos a sorte
De viver mais um pouco
Meio médico
Meio louco
Louco médico
Médico louco

Se toda loira burra
Só é burra porque alguém falou
Mas inteligente e esperto
Se o tal julgador
Que na mentira acreditou

Em toda casa há uma sala
Em toda sala um quadro
E nele está aprisionado o belo
Pois o que eu quero
Eu tranco
Para por em exposição


Talvez isso explique
As dadas mãos do casal que briga
Mas não se curvam
Ao temor da descrição
Que leva ao caminho da negação

Se todo homem tem uma amada
O primeiro beijo, a primeira gozada
Que faz o coração raciocinar
Perdendo a razão
E na frente do imaginário altar
O faz dizer sim
Quando o certo é o não

Se toda bebida embebeda
É porque a sociedade é chata
E confundi o evoluir com o crescer
Mas quando a sanidade bate à porta
Pode ser tarde para querer descer

Se todo texto são palavras
Embaralhe e crie a mágica
Que é vomitar no escrever
Só para tentar expulsar um problema
Que está à venda
Mas não encontra uma loja que ouse vender
segunda-feira, 5 de março de 2012 | By: Anderson Shon

Carne Osso


Se sou de carne e osso
Então meu pescoço sangra
Se eu cortar?
Se sou de carne e osso
E mais osso do carne
Tenho mais partes para quebrar
Se sou de carne e osso
Vou errar, desmoronar
E morrer como qualquer louco
Se sou de carne e osso
Posso beber e cair
Mas prefiro ficar de pé
Se só fosse de carne e osso
Minha palavras seriam duras
Meus sentimentos massios
Mas como estou longe do vazio
Me cobro bastante
Para provocar em você um arrepio
Que é proveniente da minha carne
Do meu osso
Do meu cérebro, coração, sistema nervoso
Que se mantém calmo com tudo isso
Mesmo não sendo amigo, nem inimigo
Sendo ativo, sempre ativo.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012 | By: Anderson Shon

Gente


Quando não somos intelígiveis
É porque não somos inteligentes
É mais ou menos como
Não entender a piada
E mesmo assim mostrar os dentes
Quando não somos intelígiveis
É porque nos recusamos a pensar
Debatemos besteiróis enlatados
Rimos da Luiza e do Canadá
Se não somos inteligentes
É porque gritamos e não temos voz
Somos como o idiota inglês
“Se é idiota é bem menos que nós”
Quando não somos intelígiveis
Somos banguelas num país de banguelas
Pulamos da ponte com a Maria
Vivemos à noite
Dormimos o dia
Se não somos inteligentes
Não podemos apontar o dedo
Quando não somos intelígiveis
A pró retira o recreio
Quando não somos intelígiveis
É porque não somos inteligentes
Não somos inteligente
Não somos “teligente”
Não somos gente

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012 | By: Anderson Shon

Para Onde os Homens Correm


Se cada passo fora  do chão
Me levasse a cada objetivo
Eu não estaria vivo
Os homens correm atrás
Do impossível
Antes do mesmo ser nomeado
Correm em busca da vida perdida
Ou do raro gosto da sáliva
Correm na frente do mal ou bem
A depender do porém
Que se instale entre
As dores do não
E o abraço que vem
Os passos largos indicam a distância
Os curtos a chegada
Vários homens correm pela estrada
Atrás do tudo
Ou do nada
Os homens correm pra chegar
Sem nem saber qual é o lugar
Mas quase sempre está abaixo do nariz
Homens e mulheres correm
Para ser feliz
Independente da matriz